Um tratamento eficaz do transtorno do pânico envolve alguns objetivos básicos: (1) diminuir as crises, (2) quebrar a associação das reações do corpo como fonte de perigo e (3) capacitar a pessoa a enfrentar os sentimentos de vulnerabilidade e desamparo que disparam ansiedade.
A medicação tem um efeito importante no primeiro destes objetivos, diminuir a incidência das crises de pânico, porém parece não atingir diretamente os outros dois objetivos.
A medicação, por exemplo, não ensina à pessoa como ela pode se auto-regular e diminuir sua ansiedade. O desenvolvimento da capacidade de influenciar seus estados internos é importante para que a pessoa aprenda a se acalmar e assim supere o sentimento de impotência frente à ansiedade e ao pânico.
Tão importante como aprender a se auto-regular é quebrar a associação que se cria no cérebro da pessoa, onde as reações de seu corpo (taquicardia, etc) são vividas como um sinal de perigo, disparando ansiedade e pensamentos catastróficos. Ao se quebrar esta associação as reações do corpo deixam de produzir ansiedade e a pessoa deixa de ter crises de pânico.
A medicação é um recurso auxiliar importante para ajudar a controlar as crises de pânico. Porém sua melhor utilização parece ser como coadjuvante da psicoterapia, visto que as pesquisas têm apontado que o índice de recaídas é maior quando há somente tratamento medicamentoso do que quando há também um tratamento psicológico.
Atualmente é possível tratar a pessoa com pânico com uma psicoterapia especializada, mesmo sem a utilização de medicação. O problema é que este tratamento psicológico especializado ainda não é amplamente conhecido e utilizado, e as pessoas acabam vivendo numa situação precária, reféns do pânico por anos, em tratamentos que acabam não tocando suas questões essenciais.