No Transtorno do Pânico a comorbidade é a regra, mais do que exceção. Comorbidade é a presença simultânea ou sequencial de mais de um transtorno numa mesma pessoa.

Observa-se um alto grau de comorbidade do Transtorno do Pânico com:

– outros transtornos ansiosos (fobias, fobia social, transtorno de ansiedade generalizada e estresse pós traumático)
depressão
abuso de substâncias
– alguns transtornos de personalidade, principalmente dos tipos dependente e evitador.

Esta comorbidade indica a necessidade de se utilizar estratégias adequadas para cada caso. Precisamos olhar além dos sintomas, para não correr o risco da “cura aparente”, que traz recaídas recorrentes. O olhar preso a um diagnóstico baseado nos sintomas é como olhar para as folhas de uma árvore e esquecer do resto, não ter uma compreensão global.

Uma pessoa pode apresentar crises de pânico e ter sintomas de estresse pós traumático. Com a terapia, se ela deixa de ter crises de pânico, mas continua sofrendo com os sintomas do trauma, seu sofrimento não terminou. Outra pessoa fica boa do pânico, mas deprime, então seu tratamento está incompleto. Uma compreensão profunda do caso implica em se abordar a situação mais profundamente.

Precisamos olhar além das folhas da árvore e ver o tronco que unifica estes sintomas, chegar à raiz de onde brota o sofrimento, analisando a família onde a pessoa cresceu, sua história de vida, seus traumas, suas respostas aos desafios que a vida lhe trouxe, enfim, todos os fatores que contribuíram para ela ser como é hoje e sofrer do modo como sofre hoje.

É importante uma compreensão integrada que resolva os desequilíbrios internos daquela pessoa, permitindo uma solução terapêutica que vá além de controlar este ou outro sintoma, que poderiam sempre retornar enquanto o problema original não for resolvido.

(por Artur Scarpato)

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