A ansiedade deriva de um sentimento de vulnerabilidade. Estar ansioso indica que me sinto sob alguma ameaça. O perigo/ameaça pode vir de dentro ou de fora de mim, pode ser um estado interno que eu não dou conta ou uma situação que oferece alguma ameaça para mim.
No estado de ansiedade este perigo é indefinido, mas vai ganhando contornos visíveis na consciência e vai virando medo: medo de morrer, medo de ter uma doença grave, medo de passar mal, etc. A ansiedade – emoção indefinida – tende a virar medo – emoção definida.
Há uma antítese entre confiança e controle. Quanto menor a confiança maior a busca de controle. Quanto maior a tentativa de controle, menor o sentimento de segurança e confiança.
O problema é que a atitude controladora vai levando a uma insegurança cada vez maior, pois as coisas, tanto de fora como de dentro de nós, sempre teimam em escapar ao controle. Quando percebemos já estamos reagindo a algo, nosso corpo já se apresenta agitado, o medo já está agindo dentro de nós, a emoção já se instalou. E o mesmo acontece com as preocupações, os pensamentos ruminativos, as lembranças intrusivas… como temos pouco controle de nós mesmos.
O eu, o ego é só uma película que fica entre um mundo grande fora de nós e um mundo grande dentro de nós. Nesta película está nossa pequena consciência, da qual temos um controle só parcial e num território menor ainda está aquilo que podemos controlar. O caminho não está em aumentar o controle, mas em buscar diálogos e harmonia, harmonia com o mundo externo e harmonia com o mundo interno.
Assim frente a ansiedade, uma emoção que sinaliza que nos sentimos vulneráveis, precisamos (1) observar e aceitar a emoção e (2) buscar as razões e disparadores desta emoção-sinal.
O que está nos ameaçando? Uma ameaça real? Uma avaliação equivocada de nossa capacidade de lidar? Uma catastrofização que exagera a avaliação negativa das consequências de um evento? A repetição de um trauma que não nos abandona?
Aceitar a ansiedade e rever seus disparadores vai permitindo que ela vá se assentando em dimensões menos sofridas, vai nos harmonizando com os mundos de fora e de dentro, vai potencializando a confiança e diminuindo a atitude de controle.
(por Artur Scarpato)