Uma pessoa cronicamente ansiosa vive em estado de alerta, em estado de ameaça, preparada para que algo possa dar errado.
A pessoa vive num estado reativo, um estado de prontidão para responder ansiosamente a partir de padrões cristalizados no passado. Por exemplo, para uma pessoa com Transtorno do Pânico qualquer estímulo interno pode reativar a ansiedade de uma possível crise de pânico. Para uma pessoa com Transtorno de Estresse Pós Traumático, uma situação pode reativar emoções intensas de traumas vividos. Para uma pessoa com Transtorno de Ansiedade Generalizada, a vida é sempre imaginada como carregada de riscos, ameaças e problemas.
Neste estado de alerta há pouca abertura para experiências novas. A pessoa vive em predisposição para o perigo, onde as experiências facilmente disparam ansiedade, pensamentos negativos e reações fisiológicas de estresse.
Estes padrões cristalizados de alerta e ansiedade tornam a vida da pessoa uma sucessão de experiências repetitivas e carregadas de sofrimento, acompanhadas de uma tendência a comportamentos de recuo e evitação.
É importante sair deste estado reativo e aprisionante e caminhar para um estado receptivo. Enquanto o estado reativo é de repetição automática de padrões (de alerta, de ameaça, de luta e de fuga), o estado receptivo é um estado de abertura ao novo, onde o encontro com o que se apresenta pode despertar respostas inéditas, diferentes do padrão habitual. No estado recetivo há disponibilidade para os encontros e maior clareza na percepção da realidade.
Mas como caminhar de um estado reativo para um estado receptivo?
Precisamos de práticas diárias, o método que realmente funciona para mudanças desta natureza, técnicas praticadas com constância. Precisamos criar presença, trabalhando a mudança do eu centrado no pensamento (eu que pensa) para o eu centrado na experiência (eu que observa).
Como a pessoa ansiosa é escrava dos cenários futuros negativos que sua mente cria, criar presença afeta duas questões centrais:
1 – ajuda a pessoa a parar de sofrer por antecipação
2 – a coloca em contato com aquilo que ela realmente precisa começar a tolerar, sejam suas reações corporais ou os sentimentos de abandono e desamparo.
Criar presença é um passo fundamental para desativar o estado de alerta e entrar no estado receptivo, estar presente na vida.
(por Artur Scarpato)