O ser humano apresenta uma dimensão intensiva, de excitações emocionais e físicas e uma dimensão cognitiva, de processamento de informação e atribuição de sentido.
Na psicoterapia atuamos sobre estas duas dimensões, tanto regulando as intensidades através de técnicas de auto-gerenciamento e da regulação pelo vínculo, como trabalhamos para reestruturar o processo cognitivo.
Nos transtornos ansiosos encontramos um desequilíbrio nestas duas dimensões: um desequilíbrio de intensidades e uma distorção no processamento de informações.

No estado ansioso há uma superativação das dimensões intensivas, das respostas fisiológicas e emocionais. A pessoa fica num estado fisiológico alterado, apresentando geralmente, respiração acelerada e superficial, coração acelerado e irregular, suor, tensão muscular, etc, assim como num estado emocional alterado, sentindo ansiedade, medo, insegurança, inquietação, apreensão, etc.

O estado ansioso crônico acompanha-se também de uma distorção na dimensão cognitiva, que leva a pessoa a ter pensamentos catastrofizantes, preocupações e ruminações, vendo as situações como ameaçadoras, interpretando suas reações físicas como perigosas, sofrendo com seus pensamentos invasivos, etc.

No tratamento precisamos atuar sobre estas duas dimensões, quantitativa – intensiva e qualitativa – cognitiva.

Para trabalhar com a dimensão intensiva, podemos utilizar várias técnicas, como recursos de controle respiratório, regulação das tensões musculares, modulações da postura, técnicas de relaxamento etc. Através destes trabalhos conseguimos que a pessoa desenvolva uma boa capacidade de regulação fisiológica e emocional, diminuindo significativamente sua ansiedade. Outro foco importante no trabalho com as intensidades é utilizar técnicas para aumentar a tolerância à excitação interna. Para isto, utilizam-se técnicas de exposição gradual, desensibilização, etc.

No trabalho cognitivo, por sua vez, ensinamos a pessoa a se auto-obervar, a identificar e analisar criticamente os pensamentos automáticas negativos e potencializar sua capacidade de dirigir voluntariamente o foco de atenção.

O trabalho sobre a dimensão intensiva tem um efeito atenuador sobre a dimensão cognitiva, com enfraquecimento do circuito mental da ansiedade, dos pensamentos negativos e preocupações. O trabalho sobre a dimensão cognitiva tem um efeito de tranquilização e diminuição da excitação emocional e fisiológica, numa interação recíproca.

Dentro deste princípio várias técnicas podem ser articuladas para ajudar as pessoas a saírem de seu estado ansioso crônico e suas crises agudas.

(por Artur Scarpato)

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