Um fator comum nos Transtornos de Ansiedade é uma baixa tolerância a ansiedade e uma tendência de interpretar esta experiência emocional como potencialmente perigosa.
Esta aversão a experiência ansiosa leva a pessoa a ficar mais ansiosa cada vez que sente ou antecipa sentir os sintomas de ansiedade.

Para “não sentir mais aquilo”, desenvolve muitas estratégias de evitação, controle e fuga. No entanto, quanto mais tenta evitar sentir ansiedade, mais intensa a emoção fica, o que só agrava o problema.

É necessário aprender outros modos de lidar com a ansiedade, como vivenciá-la sem entrar em desespero, aumentando a tolerância interna.

Outra característica do ansioso é viver em estado de pre-ocupação frequente, sofrendo numa expectativa negativa de futuro, a partir de cenários que vão se configurando em sua mente. Trazer a mente para o presente é uma estratégia fundamental no trabalho com a ansiedade.

Nos últimos anos vem sendo pesquisado os benefícios de um processo mental específico ativado em algumas práticas de meditação. É o processo de Mindfulness ou Atenção Plena.

De modo resumido, a prática de Mindfulness envolve: (1) o direcionamento da atenção para a experiência imediata, presente, (2) com uma atitude de aceitação, curiosidade e abertura.

O estudo científico do processo de atenção plena tem permitido o desenvolvimento mais preciso de recursos terapêuticos que podem ajudar no tratamento psicológico dos Transtornos de Ansiedade (Pânico, Fobias, Traumas, TAG, etc).

Através desta prática – adaptada a psicoterapia – é possível aprender a observar de modo “neutro” a experiência presente, as reações da ansiedade no corpo, os pensamentos negativos e as tendências de evitação e fuga. Neste aprendizado aprende-se a observar sem julgar, sem tentar interferir na experiência… entrar numa atitude onde não há nada a ser mudado, a ser corrigido… apenas reconhecido.

A emoção e os pensamentos negativos podem ser observados, o que cria uma diferenciação interna entre o centro da consciência (eu que observa) e os fenômenos observados (reações corporais, pensamentos, etc). O “eu que observa” pode reconhecer a turbulência interna e permanecer sereno em sua atitude de reconhecimento e aceitação.

Ao mesmo tempo há uma diminuição na ansiedade antecipatória, pois a pessoa começa a cultivar um estado de presença.

Se a pessoa parar a briga interna contra a ansiedade, deixar de tentar se livrar do que sente e se permitir sentir, ela inicia uma mudança fundamental em sua psique. Começa a se criar uma transformação interna, onde a ansiedade pode ocupar um espaço interno e a tensão e o conflito diminuem.

É fundamental diferenciar aquilo que se pode controlar daquilo que não se pode controlar. Ao lidar com emoções, as tentativas de controle são bastante problemáticas, pois as emoções sempre voltam e a luta interna cria mais tensão e mais ansiedade. O melhor caminho é de compreensão e aceitação.

Aceitar não é resignar-se passivamente, mas abrir espaço para perceber a experiência direta da ansiedade e responder de outro modo, saindo das reações automáticas de aflição, evitação, fuga e pânico.

É possível interferir nos graus da ansiedade?
Sim, há técnicas e recursos para isto, mas enquanto a pessoa não mudar sua relação com a experiência ansiosa, estará fadada a fracassar em sua recuperação, pois a intolerância faz com que tente controlar e evitar aquilo que não se pode controlar.

Lutar contra a própria emoção só aumenta o sofrimento. Paradoxalmente, é através do caminho da aceitação que a ansiedade pode começar a diminuir.

(por Artur Scarpato)

15 Comentários

  1. Adoro seus artigos! Sempre tento absorver pois sofro de ansiedade há pouco tempo!! Ainda estou aprendendo a conviver e como eu moro no interior do RJ tratamento é dificil… Obrigada por fazer o blog existir!! Beijos

  2. Boa tarde, eu tenho desenvolvido um quadro na qual ele tem se repedido em um padrão de ocasião, ou seja, ao me deitar para dormir, dentro de algum tempo eu desperto com todos os sintomas da crise do panico porem durante o dia eu consigo em sua maior parte levar minha vida normalmente, não tenho medo de sair de casa, dentre outros medos, mais quando estou em um estado cansado, minha ansiedade fica em um estado elevado e basta eu me deitar minha mente não para de trabalhar, vou lhe relatar um caso que ocorreu a algum tempo.

    Ansiedade
    Meus primeiros picos de ansiedade foram percebidos logo na minha infância, mesmo assim sofridos sem saber o qual motivo real, por inúmeras vezes sentir falta de ar, com respiração ofegante e sensação de morte.
    Por volta dos 15 anos, em 1 destes picos de ansiedade fui ao médico e ele me receitou um remédio com base em passiflora chamado CALMAN, não surtia efeitos pois percebia que era algo a mais, ainda não sabia o que era.
    Passei minha adolescência, juventude sendo vitima da ansiedade, está mesma sendo despertada em mim por vários motivos, noites de sonos perdida, mal relacionamento familiar, mal relacionamento conjugal, mal desempenho no trabalho, afinal não sei se estes motivos despertavam a minha ansiedade ou se era ela quem despertava estas eventualidades em mim.
    Nunca obtive referências em minha vida familiar, não tive convívio em todas as minhas fases com minha parte paterna e um convívio conturbado com minha parte materna, referências estas seriam exemplos de paz, tranqüilidade, etc.. Pelo contrário, meu pai extremamente ausente e minha mãe extremamente ansiosa não sabendo se portar nas mais diversas situações, trazendo assim mais contendas para o relacionamento familiar.
    Passaram-se o tempo e cheguei a minha fase adulta, nunca fui de utilizar bebidas alcoólicas quanto menos cigarro, mais aos meus 20 anos após ter pulado vários estágios da minha vida com um relacionamento que durou 4 anos eu resolvi experimentar a bebida por alguns finais de semana, passei por varias noites mal dormida afinal eu queria desfrutar de algo que até então era desconhecido para mim, liberdade de solteiro sabendo o que fazer com a mesma. A bebida me trouxe alguns problemas e ajudou a despertar mais ainda nos dias seguintes a minha ansiedade então resolvi nunca mais experimentar nada do tipo. Cigarro eu nunca utilizei, uma coisa era muito comum vista pela população jovem em seu meio, a maconha, eu via inúmeros jovens experimentando e fazendo o uso continuo da substancia em forma de cigarro, até que um dia eu fui a uma ilha com alguns colegas e acabei experimentando, minha primeira sensação era de leveza, porem a droga despertou com absurdos pontos a mais de intensidade aquilo que vivia camuflado por dentro de mim, a crise do pânico. O momento de euforia foi se transformando em pânico quando eu sentia meus batimentos cardíacos descontrolados, meu corpo passava por uma disfunção geral, sensações de calor e frio ao mesmo tempo, perdia a noção do (espaço, tempo, realidade), sentia uma respiração extremamente ofegante e ineficaz até que comecei a pedir ajuda com a pior das sessões, que iria morrer.
    Um grupo de pessoas que estavam pescando na ilha me ajudou ate a metade do caminho, os salva-vidas já tinham sidos alertados para meu problema porem não sabiam a causa até que eu chega-se na areia, minha pressão sanguínea havia atingido 9/5,6, acabei parando em um pronto socorro e mais uma vez sem saber o que era o real problema, eu fiquei os próximos 4 dias com está sensação aguçada em meu corpo.
    Após o estado desesperador meu medo que está situação repeti-se era eminente e o trauma que ela me deixou despertou algo que vivia adormecido e que mais sedo ou mais tarde sairia mostrando sua cara o pânico.
    Passei dias e noite com picos de ansiedades tentando controlar minha mente para que está situação não ocorre-se novamente, porem sempre que eu lembrava da mesma, minha respiração já começava a ficar ofegante e meu semblante decadente, assim eu focava em outra coisa com fins da minha mente esquecer o fato. Bastava eu passar em frente a ilha e olha-se para ela, todas as sensações sofrida no dia voltava instantaneamente sem fazer uso de qualquer tipo de substancia que pode-se alterar meu sistema nervoso, a propósito eu nunca mais coloquei um cigarro de maconha na boca, ou bebidas alcoólicas.
    Passaram-se algum tempo eu voltei ao meu relacionamento na qual eu havia terminado. As contendas eram incessantes, eu não tinha uma boa estrutura de relacionamento quando em qualquer outra área na época, passei a ter crises de ansiedade freqüentemente em meu cotidiano, certo dia está crise começou a evoluir novamente trazendo assim sensação de perseguição, acordei no meio da noite e não consegui dormir mais, sentia muito estranho, desorientado, não sabia o que fazer, achava que iria ficar louco se aquela situação continua-se, obtive isto comigo por vários dias seguidos, até que fui a uma psicóloga mais foi em vão, fui a um neuro na qual ele me passou um ansiolítico chamado SOMALIUM “Bromazepam 6mg” fiz o uso da substancia por alguns dias ajudando um pouco com minha ansiedade, o remédio até me ajudava, mais batava passar o efeito sem que eu fosse dormir e a sensação voltava.
    Passaram por volta de 1 ano sem ocorrer estes casos, um certo dia após terminar algumas obrigações de faculdade coloquei um filme que meu professor havia indicado para assistir, isto era por volta de 1:40 da manhã, já me encontrava exausto, porem fui ver o filme, faltando pouco mais de 30 minutos para acabar o filme resolvi desligá-lo, pois já era tarde, ao levantar da minha cama a sensação aparece novamente, e um pouco mais específica, o filme retratava um matemático brilhante na qual com o decorrer de sua vida começou a sofrer de esquizofrenia e juntando 2 universos em 1 só, “Uma mente brilhante” e o nome do filme, eu levantei de minha cama já com a sensação que aquilo poderia estar acontecendo comigo ou que um dia poderia acontecer, a sensação era horrível, meu estomago começou a ficar extremamente ruim, enjuado, picos de frio e calor em meu corpo eram freqüentes, respiração ofegante, falta de ar, taquicardia, etc… Passei a noite acordado pois não conseguia dormir e nem controlar minha mente, enfim eu pela manhã após uma noite extremamente conturbada consegui dormir exausto.
    Ao acordar fui pesquisa sobre o assunto, e cheguei a um site http://www.psicoterapia.psc.br/scarpato/panico.html
    Li todo o conteúdo e me identificando extremamente com o quadro da síndrome do pânico ou transtorno do pânico, despertado pela causa principal a ansiedade e agora estou a procura de um tratamento eficaz para que eu possa tomar controle de meu corpo novamente e ser o gestor de meus sentimentos e emoções.

    Minha duvida é, preciso de um kit para ansiedade ou o de transtorno do panico?
    Forte abraço

  3. Muito bom, comecei a ter SP desde 2011, e até hoje tenho poucas crises, que normalmente acontecem quando o nível de estresse e cobrança no trabalho são muitas (sou analista de sistemas / programador). Acontece também bastante quando estou com a mente muito vaga, sem me ocupar em fazer alguma coisa quando fico muitos dias de folga e sem estudar. Então essa técnica de Mindfulness e foco total parece ser bastante interessante. Teria algum local onde se pudesse ler mais sobre isso e aprender técnicas a respeito ?

    • Em português é difícil, mas existem vários em espanhol que podem ser adquiridos na amazon, tanto em papel como em formato eletrônico, um que gostei foi : ” Mindfulness en la prática clínica”

  4. Sofrendo bastante de ansiedade, tenho feito psicoterapia muito focada em ‘mindfulness’. Confesso que não tem sido fácil, porque por vezes parece que a única estratégia que me é dada é, simplesmente, “estar com o sofrimento”, sem que este sofrimento vá diminuindo com a exposição.
    A ansiedade muito intensa é MUITO difícil. Não são só as borboletas na barriga. Não. São náuseas, um sentimento de terror profundo, e a sensação de que o próprio corpo fica doente e prestes a desfazer-se em bocados. Confesso que me sinto um pouco ofendida, até, quando a minha psicoterapeuta fala em estar com esse sofrimento como se fosse a coisa mais fácil do mundo e algo que o humano ‘comum’ enfrenta facilmente no seu dia a dia. Não é verdade.
    Eu compreendo e acredito nos efeitos benéficos da mindfulness, mas acho que tem sempre que ser complementado com outras estratégias e que, por si só, não é suficiente.
    De qualquer maneira, gostei do seu artigo. Acho que explica muito bem o conceito.

  5. Sofro com panico a um ano, descobri o que tinha a pouco tempo, minha primeira crise fui parar no hospital, mas nada diagnosticaram, fui em outros lugares, mas nada…um cardio que me disse o que eu estava sofrendo, depois de exames pra descarta outras ipoteses… Hj me sinto mais controlada, tomo rivotril e amytril , sofro com medo de ter as crises de novo, ontem tive uma, mas o remedio nao deixou com que surtasse… O pior é a relaçao com a familia, pois sinto que meu marido se preocupa, mas no fundo sinto que ele nao entende, as crises são horríveis, piores das sensaçoes…gostaria muito de manter contato com quem tem…pq assim talvez pudesse controlar mas a minha sp…abraço

  6. Entao Pessoa Eu Tbm Venho Sofrendo Com Esse Tipo de Transtorno e é Horrivel Ja Dei Inumeras Entrada Na Urgencia e Nada Serio é Encontrado Estou Meio Que Desesperado

  7. Descobri a poucos dias que estou sofrendo com o TAG, posso afirmar que é algo assustador,pois por mais que se tenha fé em Deus e se busque ajuda com profissionais, o bicho papão parece que vai te pegar e se correr não adianta,enfrenta-lo é um grande desafio para a pessoa que passa por esse momento,mas vejo que é a única forma de se livrar ou controlar esse problema. Já passei por altos e baixos na vida,mas conseguia me reestabelecer sem recorrer a médicos e medicação,desta vez a coisa ficou preta e me prejudicou em todas as áreas: trabalho,lazer,religião,família,social etc…Foi então que iniciei um tratamento com medicação e terapia semanal e após uns trinta dias começei a sentir melhora,claro que busquei ajuda com oração na igreja,pois sem a ajuda de Deus não vejo esperança quando há um desequilíbrio interior tão grande. Aos poucos vou me conhecendo melhor e aprendendo a lidar com essas emoções até então desconhecidas,por isso tenhamos Fé que após a tempestade vem a calmaria e a alegria retorna a nossa face pela graça de Deus,Força e nunca pare de lutar.

  8. Gostaria de ajuda , participar de algum grupo de whats . Descobrir que tenho TAG a mais ou menos 2 meses e fiz uso de alcytam , serenata e não me dei bem. Dai tomei donarem por 17 dias e o médico suspendeu pq os efeitos colaterais vinheram depois de 15 dias tomando. Boca seca , e um enjôo muito forte
    . Bem não sei se foi por conta do remédio ou se são sintomas da doença . Pois estou sem tomar o donarem a 4 dias e o enjôo voltou a boca seca continua . Eu queria saber se o que sinto e dessa doença ou se é patológico. Fraqueza , medo de morrer , já não quero mais sair de casa. Esta horivel.

    • querida vc nao vai morrer ,sofro de tag ha 2 meses ,ja passei pelo processo de boca seca ,dormencia etc, fica tranquila e tudo psicologico , claro que facil nao é, mais se cuida toma o remedio ,vai a um psicologo mais principalmente se apegue a Deus…. bjss

  9. Tenho muita a ansiedade e complexo social. Tenho 30anos e de uns 5 anos para ca tenho sofrido muito. Principalmente ligado a questoes do trabalho. Parece que eh uma mistura de ansiedade com crise existencial. Apesar de ter um bom emprego e bom salário me sinto vazio. Tenho uma família linda e graças ao suporte dela consigo lutar. Eu tenho uma sensação esquisita em certos momentos do dia a dia. Uma espécie de fobia social. Tenho medo de desagradar as pessoas no trabalho e com isso fujo da minha autenticidade. Daí gera o conflito mortal. Por mais que eu queira fazer do meu jeito parece eu sinto um bloqueio mental. A cabeça parece q fica pesada e uma sensação quente. Eh uma experiência muito ruim e já me acompanha tem um tempo. Tenho Fé em Deus que um dia Ele me ilumine e isso vá embora de mim e eu volte a ter a minha tranquilidade.

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