No Transtorno Obsessivo Compulsivo o sujeito se vê atormentado por pensamentos obsessivos e comportamentos compulsivos. Vamos pensar num exemplo. A pessoa tem um pensamento de que está com as mãos sujas. Ela, então, lava suas mãos. No entanto, o mesmo pensamento logo volta a sua cabeça. A pessoa tenta dialogar consigo mesma lembrando-se que acabou de lavar as mãos, mas seu pensamento automático é insensível a razão, dizendo para ela que as mãos ainda estão sujas. Vem ansiedade e aflição com a ideia de estar com as mãos sujas, contaminadas. Na ânsia de aliviar este sofrimento, surgem as compulsões – rituais e comportamentos repetidos – que tentam aliviar a tensão e ansiedade trazidos pelo pensamento obsessivo. Neste processo a pessoa pode sentir-se compelida a lavar suas mãos 20 vezes, por exemplo, sempre sendo recapturada pelos pensamentos intrusivos que insistem na sujeira…

Há um ciclo básico no qual uma preocupação (pensamento obsessivo) gera ansiedade (emoção), e o sujeito se sente “compelido” a aliviar esta tensão emocional através de um comportamento (compulsão).

Enquanto não realiza o ato compulsivo há uma vivência de ansiedade e o pensamento se repetindo dentro da cabeça, num intenso tormento. O ato compulsivo traz um alívio passageiro da ansiedade, mas logo os pensamentos obsessivos voltam. Na verdade, a cada vez que se age para aliviar a tensão (como lavar as mãos), reforça-se o ciclo dos pensamentos obsessivos e comportamentos compulsivos.

Qual a saída? A proposta terapêutica que traz melhores resultados consiste em ensinar a pessoa a não aliviar sua ansiedade através de rituais e comportamentos obsessivos. Ao invés disto, aprender a conter o comportamento e suportar níveis maiores de ansiedade.

Como é comum nos Transtornos de Ansiedade, a pessoa com TOC não sabe lidar com a ansiedade que sente. Assim que fica ansiosa, começa a “brigar” com o que sente, ficando aflita por sentir-se daquele modo. A luta interna contra a ansiedade aumenta ainda mais o nível de tensão.

O caminho de recuperação passa por aceitar a ansiedade como um estado desconfortável, mas que pode ser tolerado. Se expondo ao que sente, a pessoa vai se habituando à ansiedade e esta vai perdendo força gradativamente. Como decorrência, os pensamentos obsessivos tendem a se enfraquecer paulatinamente até se extinguir. Isto é possível dentro de um processo estruturado e gradual de exposição e prevenção de resposta.

Aprender a lidar com a ansiedade é um passo essencial para superar as limitações trazidas pelo Transtorno Obsessivo Compulsivo.

(por Artur Scarpato)

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