A experiência humana é integrada. A ansiedade, que é um fenômeno emocional, se manifesta também nos níveis corporal e cognitivo.
No plano cognitivo ela aparece como preocupações, catastrofizações, antecipação de perigos, etc.
No plano corporal se expressa em tensões musculares, taquicardia, respiração curta, pelos eriçados, etc.
No plano emocional a ansiedade é vivida como estados de apreensão, medo e aflição, por exemplo.
A experiência clínica mostra que um bom caminho para regular a ansiedade – uma emoção – está em mudar os outros dois níveis, o corpo e as cognições.
Para isto, há técnicas através das quais podemos modular os estados corporais e há técnicas pelas quais podemos transformar o funcionamento cognitivo.
Por exemplo, se regularmos a tensão do corpo, a ansiedade diminui e a mente fica mais serena.
Se mudamos as cognições e olhamos as coisas de uma perspectiva mais objetiva, a ansiedade diminui e o corpo desacelera.
Toda emoção, regulada ou des-regulada, ocorre também nos níveis corporal e mental. Mudando um, mudamos os outros dois.
Na psicoterapia dos transtornos ansiosos, geralmente vamos trabalhar por dois caminhos principais:
1 modular o corpo e assim regular a emoção (ansiedade) e a mente
2 reestruturar os pensamentos distorcidos e assim regular a emoção (ansiedade) e o corpo
Podemos caminhar tanto pela via corporal como pela via cognitiva. Para isto há técnicas específicas utilizadas em psicoterapia.
Para regular o corpo há técnicas importantes de psicoterapia corporal, como controle respiratório, auto-gerenciamento do tônus muscular, relaxamento, exposição interoceptiva, etc
Para regular as cognições há técnicas como desenvolver um eu observador, identificar os pensamentos automáticos, reestruturar as crenças, etc
Algumas pessoas podem preferir uma ou outra destas vias de entrada, mas numa situação ideal, trabalhamos pelas duas vias.
Alguns transtornos reagem melhor a um enfoque inicial mais cognitivo como no Transtorno de Ansiedade Generalizada e no Transtorno Obsessivo Compulsivo. Outros reagem melhor a um enfoque inicial mais corporal como no Transtorno do Pânico, nas Fobias e no Estresse Pós Traumático. No Transtorno do Pânico, por exemplo, as técnicas de controle respiratório, gerencimento do tônus muscular e exposição interoceptiva são clássicas.
Enfoque maior não significa exclusivo, pois a efetividade depende de um trabalho integrado.
(por Artur Scarpato)