TRAUMAS PSICOLÓGICOS

Muitos eventos na vida tem potencial traumático. Alguns eventos são claros como acidentes, doenças, perdas repentinas, assaltos, sequestros, maus tratos físicos, traição etc.  Porém há formas de trauma que decorrem de situações interpessoais como negligência, abandono, violência verbal, bullying, abuso etc. Situações relacionais também podem produzir efeitos traumáticos e muitas vezes não decorrem de um evento único, mas se repetem ao longo do tempo, gerando efeitos que podem ser percebidos muito tempo depois.

As experiências se tornam traumáticas quando ultrapassam a capacidade de lidar, deixando a pessoa cronicamente aprisionados em respostas de defesa e proteção frente ao excessivo. Todo trauma nos tira do estado de segurança, nos lançando em estados de vulnerabilidade, insegurança e ameaça. Esta desestabilização excessiva ativa defesas de proteção que se cristalizam e  passam a se perpetuar em memórias traumáticas que podem permanecer ativas como se a experiência traumática não tivesse nunca terminado.

Os traumas se manifestam como padrões persistentes de respostas defensivas, sensações corporais desagradáveis, crenças negativas, percepções distorcidas, comportamentos automáticos e afetos disfuncionais que tendem a se repetir indefinidamente. Estas memórias traumáticas permanecem cristalizadas na rede de memórias implícitas, com pouca capacidade de se transformar, apenas disparando reações repetitivas, como revivências, sempre que algo do presente se assemelhe ao passado.

Esta repetição de memórias traumáticas costuma ser inconsciente – sem a pessoa perceber por que reage daquele modo – contaminando e tingindo a vida presente com as dores do passado, afetando e percepção do presente e a expectativa de futuro. A memória traumática se recusa a virar passado. A meta terapêutica é transformar as revivências em memórias normais.

Os traumas limitam a presença, a capacidade vincular e a potência criativa.

Os traumas estão na origem de vários transtornos psicológicos, sendo o elemento central do Estresse Pós-traumático e do Trauma Complexo, além de ter uma participação fundamental em quadros como os Transtornos de Ansiedade, Depressão, Transtorno Bipolar, Transtorno Borderline, Transtornos Dissociativos, TDAH etc. Dificilmente podemos trabalhar com o sofrimento psicológico sem uma atenção especial para a história de traumas na vida de uma pessoa.

A TERAPIA

A meta principal da psicoterapia do trauma é transformar as memórias traumáticas que aprisionam e se perpetuam em padrões de comportamento, crenças e afetos disfuncionais e geradores de sofrimento. A memória traumática se recusa a virar passado, permanecendo como revivência do trauma. O objetivo é transformar estas revivências traumáticas em memórias normais, devolvendo o passado ao passado.

O processamento de memórias traumáticas e sua consequente transformação reabre o potencial do presente como experiência inédita  e não mais como eterna repetição de um passado dolorido.

Desde os trabalhos pioneiros de Pierre Janet no final do século XIX até hoje, os tratamentos do trauma costumam ser estruturados em três etapas: Estabilização, Processamento e Integração.

A estabilização é a fase de preparação para a intensidade do trabalho, de desenvolver recursos de regulação emocional, criar um vínculo terapêutico seguro e aumentar a janela de tolerância preparando para a fase seguinte.

Na fase de processamento se acessam as memórias traumáticas truncadas para que possam ser transformadas e reintegradas na rede de memórias associativas. É o momento que permite uma resignificação da experiência vivida, onde a perspectiva do eu atual se mescla com a perspectiva do eu do passado, podendo gerar novas percepções e novas crenças. Nesta fase também reconectamos com o trauma no corpo, trabalhando com padrões cristalizados de hiperativação ou hipoativação autonômica, permitindo completar respostas corporais de luta e fuga, descarregar tensões, descongelar e recuperar o equilíbrio.

Na fase de integração é possível voltar a sentir, rever e recontar as experiências vividas de uma nova perspectiva, fazendo experimentações a partir da maior disponibilidade e abertura para o presente e buscando novas perspectivas de futuro.

Na clínica psicológica temos técnicas específicas na terapêutica dos traumas psicológicos e suas patologias. As principais que utilizamos em nossa clínica são EMDR (Dessensibilização e Reprocessamento Através do Movimento dos Olhos), Brainspotting e Experiência Somática.

Artur Scarpato: Psicólogo Clínico (PUC SP) com 30 anos de experiência clínica. Mestre em Psicologia Clínica pela PUC SP. Especialista em Psicologia Hospitalar pelo Hospital das Clínicas da USP e em Cinesiologia Psicológica pelo Instituto Sedes Sapientiae. Trabalha com EMDR, Brainspotting e Experiência Somática. Desenvolve um tratamento especializado para pessoas com Fobia Social, Síndrome do Pânico e Traumas Psicológicos.

Artur T. Scarpato – Psicologia Clínica – CRP 06/42113 
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Última atualização 03/11/2024