O processo de atenção tem relação direta com o estado emocional. Na ansiedade, a mente funciona em estado de alerta, buscando qualquer coisa que possa representar risco e ameaça, seja algo vindo do mundo externo ou de dentro do indivíduo. Neste estado, predomina uma atenção estreita e distanciadora, quando a mente tenta localizar e afastar possíveis ameaças.

Identificamos este modo de atenção nos estados de estresse crônico e nos Transtornos de Ansiedade como Síndrome do Pânico, Fobia Social e Transtorno de Ansiedade Generalizada.

O funcionamento de uma atenção estreita e distanciadora é evidente no modo com que uma pessoa com Síndrome do Pânico se relaciona com as reações em seu corpo. Ela monitora e fica aflita com o que sente, interpretando cada reação como prenúncio de um caos interno que pode eclodir a qualquer momento.

Há um estreitamento no foco de atenção – como se aquilo fosse a única coisa que importasse – e um distanciamento, no qual há uma tentativa de afastar e “se livrar” daquilo que acontece dentro de si.

Nos Transtornos de Ansiedade este modo de atenção estreita e distanciadora tende a se cronificar, contribuindo para a manutenção de um estado ansioso, alerta e tenso que não se relaxa nunca.

Assim como a ansiedade se acompanha de um modo particular de organização da atenção, a cronificação deste modo de atenção contribui para manutenção do estado ansioso.

Um caminho importante para sair do estado de ansiedade cronificado é trabalhar diretamente para flexibilizar o processo da atenção, ativando outros modos de funcionamento atencional.

Através da ativação de um modo de atenção aberto e imersivo, criamos um foco aberto de atenção que recebe e inclui as reações de ansiedade num campo atencional maior sem se fechar sobre a “ameaça”. Ao mesmo tempo, através de um modo imersivo busca-se aceitar – ao invés de afastar – o que é sentido.

Assim é possível interromper a luta contra as reações internas “perigosas” que geram tensão e mantém o aprisionamento na ansiedade. Quando se para de brigar contra os sinais da ansiedade – sejam reações físicas ou pensamentos negativos – a ansiedade diminui e retorna para os limites assimiláveis da janela de tolerância.

A mudança de um modo crônico de atenção estreita e distanciadora para um modo de atenção aberta e imersiva permite uma reorganização do padrão crônico de ansiedade. Assim se pode superar da sensação de caos iminente das crises de ansiedade e atenuar significativamente os níveis de sofrimento duradouro.

Em nosso trabalho de flexibilização dos modos de atenção utilizamos a metodologia de “Open Focus Attention Training” desenvolvidos pelo Dr Lester Fehmi, entre outros recursos.

por: Artur Scarpato