Imagine um quarto especial em que você sente ansiedade assim que entra. Enquanto estiver no quarto, a ansiedade não passa, podendo ficar mais ou menos intensa, mas sempre presente e sem nenhum motivo aparente.

Ficando neste quarto você pode perceber os tumultos em seu corpo como a aceleração do coração, a respiração ofegante, o suor frio, o tremor; percebe sua mente desligando ou acelerando e imaginando vários perigos que poderiam lhe ocorrer, sente insegurança, vulnerabilidade e um desejo de sair rápido dali…

É um quarto especial, capaz de produzir ansiedade em qualquer um que entrar.

Este quarto foi imaginado para pessoas que Síndrome do Pânico e por uma razão.

As pessoas com um Transtorno de Ansiedade como a Síndrome do Pânico costumam apresentar Sensibilidade à Ansiedade (Anxiety Sensitivity), que é um medo dos sintomas de ansiedade como se estes pudessem ser perigosos e danosos. A partir deste medo elas desenvolvem mil estratégias de evitação e tentativas de controle que só pioram a situação, gerando ainda mais ansiedade.

Vamos imaginar um Quarto do Medo programável, permitindo num dia focar a atenção nos sintomas físicos da ansiedade, como as alterações cardíacas, respiratórias, térmicas, musculares, etc.

Em outro dia o foco pode ser nos pensamentos negativos, nos cenários temidos e nas fantasias catastróficas.

O objetivo de se frequentar o Quarto do Medo é aprender a transformar a relação com os sintomas da ansiedade. Aprende-se a perder o medo das reações do corpo e a enfraquecer os pensamentos catastróficos negativos.

A estratégia é ir atrás dos fantasmas para encará-los de frente, ao invés de continuar fugindo deles. Mesmo parecendo paradoxal, encarar assim a ansiedade tem por efeito diminuí-la.

As visitas ao Quarto do Medo devem ser graduais. A pessoa escolhe quando entrar e tem liberdade para sair quando quiser. A intenção não é produzir uma avalanche de reações que poderiam retraumatizar, trazendo um sentimento de derrota e reforçando e evitação. Tem que se expor gradualmente, um pouco mais a cada dia, sem inundação, aumentando a janela de tolerância e resignificando a experiência.

O segredo está na atitude mental de observação com aceitação e no respeito ao caminhar devagar, passo a passo.

por Artur Scarpato