Uma experiência traumática pode afetar a capacidade posterior de uma pessoa lidar com sua excitação interna – sejam suas reações corporais, emoções ou sentimentos.
Frequentemente as pessoas traumatizadas ficam com uma pequena Janela de Tolerância.
A Janela de Tolerância é o quanto de excitação física e emocional uma pessoa consegue lidar de modo integrado, sem se desregular, sem congelar e nem dissociar.
Podemos pensar na janela de tolerância como uma faixa produtiva entre duas margens problemáticas. Quando a janela de tolerância se estreita, a pessoa entra num dos extremos, de caos ou paralisia.
Na margem de cima, quando a excitação vai além da capacidade de integração, pode surgir descontrole, impulsividade e inundação emocional, com acessos de ansiedade, raiva e/ou choro.
No outro extremo, há mecanismos que buscam uma restrição radical da excitação, surgindo anestesia, depressão, perda de vitalidade e lentificação.
É somente entre as duas margens da janela de tolerância que a experiência interna pode ser assimilada e integrada. Neste estado de integração há possibilidade de uma articulação coerente entre sensações, sentimentos, pensamentos e ações.
A psicoterapia deve trabalhar ampliando esta faixa produtiva da Janela de Tolerância, ajudando tanto na assimilação do excessivo como no descongelamento da rigidez. Assim é possível sair tanto da desorganização caótica da alta exitação como do congelamento defensivo da imobilidade, duas consequências comuns do trauma.
por Artur Scarpato